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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Morrer é ridículo - Pedro Bial

Morrer é ridículo - Pedro Bial
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário,
tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório,
colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim ?
E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade,
o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente ?
Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco do quê ?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio
estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá,
fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego,
mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular
mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida,
cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir,
então decidiu, e mais uma vez foi em frente…
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway,
numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.
Qual é ? Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa
sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda,
sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.
Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal,
e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas,
a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce,
caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina,
começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo,
curte costelas gordas, mulheres e morre num sábado de manhã.
Se fizer check-up regular e não tem vícios, morre do mesmo jeito.
Isso é para ser levado a sério ? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá,
o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer,
o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia,
sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok… Hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa ? Não se faz.
Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas.
Morrer é um exagero.
E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas.
Só que esta não tem graça.
Por isso, viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida…
Perdoe… sempre !!!

domingo, 23 de agosto de 2009

Ó Insensato Coração - Rosa Pena – Rio de Janeiro/RJ


Ó Insensato Coração

Rosa Pena – Rio de Janeiro/RJ

Eu sou uma romântica terminal que não acredita que o tempo transforme o amor em amizade. Eu devo estar desenganada pelos médicos por teimar que carinho gera carinho. "To Sir, With Love".
Eu virei velha porque repito uma história, mas eu era nova quando minha filha me fazia contar a mesma história mil vezes. Fico triste com quem tem a língua afiada que corta sua própria boca e fala palavras que rufam como tambores na minha cabeça. Gosto de quem fala em blues. Miles Davis - Kind of Blue!
Estou sendo persuadida a tomar Rivotril para acalmar minha loucura, pois vejo agressividade em quem espeta meu coração com os alfinetes do silêncio rancoroso, com o deboche no olhar, com a soberania da verdade, com cinismo a minha alegria nata. Pastéis de Belém!
Adoro ouvir Gal cantando Baby, especificamente o verso " você precisa saber de mim", pois isso iguala minha solidão a dela. Sou obsessiva por chicletes Trident, beijos no rosto, na boca, no nariz. Sou compulsiva por cinema. Quando é nacional sou viciada no Selton Mello.
Amo amar. Adoro fazer carinho no silêncio da noite e em pleno Cirque du Soleil! Jamais coloco conjunção adversativa na paixão, mas abuso da interjeição. Brinco com quem está baixo astral e não dou força para ninguém amarrar uma pedra no pescoço e se jogar no rio Ganges.
Considero uma puta sacanagem arrumar culpados quando algo deu errado. Acho saudável mudar de ideia, pois só não muda quem não as tem. Odeio quem é muito afeito a conclusões definitivas, como também considero perverso quem reabre casos e feridas sem o menor pudor de machucar novamente os envolvidos.
Adoro a cara de louco do Jack Nicholson e do Woody Allen. Odeio o jeito de bonzinho que todo safado adquire na velhice fingindo que nunca tocou uma punheta quando até trem roubou! Ronald Biggs está dodói!
Amo meus amigos que me amam sem cobrança. Viva a Magdala! Queria ser a Juliette Binoche andando de bike com Johnny Depp ouvindo As Time Goes By e comendo chocolate.
Adoraria ser adolescente dos anos 60 e gritar Peace & Love em Woodstock, mesmo sabendo que nunca haveria paz e amor no planeta Merda. Gripe suína da vaca louca junto com a galinha estressada.
Imagino um filme com um serial killer ratofóbico matando todos os políticos e deixando um crustáceo tatuado na testa dos mortos. O Sarney marcado com uma Lula vale no mínimo dez orgasmos.
Quem dera que nicotina não fosse veneno e que guitarras estridentes paralisassem a gente aos 18 anos. Viver a vida toda com essa idade onde o maior problema é espinha no nariz. Minancora!
Amo os vira-latas. Sou um deles, pena que me puseram coleira e me vacinaram contra raiva. Que ódio! Agora sou obrigada a sentar, deitar, dormir, dar a patinha (quando quero dar patada) de acordo com as ordens de meus donos. Ai de mim se mijar fora do lugar.
Venero a lua e o sol. Mas a lua só em casa senão sou morta por um traficante criado pelo legislativo. O sol só de longe com um filtro fator broxante 88. Sardinha em lata!
Não gosto de mistérios nem em literatura. Odiei o Código Da Vinci, mas sei que qualquer hora dessas mergulharei no desconhecido.
Talvez a morte me observe de esguelha com um sorriso nos lábios dizendo para si mesma: -Quando é que essa imbecil vai se tocar da sua não eternidade?
Vontade eu tenho de ainda voltar ao Louvre, registrar em testamento que odeio cinismo, brincadeiras que deixam pessoas constrangidas, injustiças e qualquer tipo de humilhação. No mais em mim sempre prevaleceu o amor. Flores e sax no meu final. New Orleans.
Gostaria de fazer as pazes com o meu coração antes dele parar. Desligar lúcida o meu cérebro pelo menos por um dia e me deixar levar. "Deixa a vida me levar, vida leva eu”.
Quem sabe assim algum amor me encontrasse e não se incomodasse com minha repetição. Eu repito demais o que não gosto, pois banaliza e repito muito mais ainda o que gosto, para brindar meus ouvidos. Quantas vezes repeti aqui a palavra amor? Só louco amou como eu amei.
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sábado, 4 de julho de 2009

Miss Imperfeita! - Martha Medeiros

Miss Imperfeita! - Martha Medeiros
(Texto na Revista do Jornal O Globo)
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'
Martha Medeiros - Jornalista e escritora

sexta-feira, 22 de maio de 2009

MÃE É MÃE: mentira - Martha Medeiros

MÃE É MÃE: mentira - Martha Medeiros
Vamos esclarecer alguns pontos sobre mães,ok?
Desconstruir alguns mitos.
Não, não precisa se preocupar.
Não é nada ofensivo, eu também sou mãe...e avó!
Vamos lá:
MÃE É MÃE: mentira !!!
Mãe foi mãe, mas já faz um tempão!
Agora mãe é um monte de coisas:
é atleta, atriz, é superstar.
Mãe agora é pediatra, psicóloga, motorista.
Também é cozinheira e lavadeira.
Pode ser política, até ditadora, não tem outro jeito.
Mãe às vezes também é pai.
Sustenta a casa, toma conta de tudo, está jogando um bolão.
Mãe pode ser irmã: empresta roupa, vai a shows de rock
e pra desespero de algumas filhas, entra na briga por um namorado.
Mãe é avó (oba, esse é o meu departamento!):
moderníssima, antenadíssima, não fica mais em cadeira de balanço,
se quiser também namora, trabalha, adora dançar.
Mãe pode ser destaque de escola de samba, guarda de trânsito, campeã de aeróbica, mergulhadora.
Só não é santa, a não ser que você acredite em milagres.
Mãe já foi mãe, agora é mãe também.
MÃE É UMA SÓ: mentira !!!
Sabe por quê?
Claro que sabe!
Toda criança tem uma avó que participa, dá colo, está lá quando é preciso.
De certa forma, tem duas mães.
Tem aquela moça, a babá, que mima, brinca, cuida.
Uma mãe de reserva, que fica no banco, mas tem seus dias de titular.
E outras mulheres que prestam uma ajuda valiosa.
Uma médica que salva uma vida, uma fisioterapeuta que corrige uma deficiência,
uma advogada que liberta um inocente, todas são um pouco mães.
Até a maga do feminismo, Camille Paglia, que só conheceu instinto maternal por fotografia, admitiu uma vez que lecionar não deixa de ser uma forma de exercer a maternidade.
O certo então, seria dizer: mãe, todos têm pelo menos uma.
Ser mãe é padecer no paraíso: mentira!
Que paraíso, cara-pálida?
Paraíso é o Taiti, paraíso é a Grécia, é Bora-Bora, onde crianças não entram.
Cara,estamos falando da vida real, que é ótima muitas vezes, e aborrecida outras tantas, vamos combinar.
Quanto a padecer, é bobagem.
Tem coisas muito piores do que acordar de madrugada no inverno pra amamentar o bebê, trocar a fralda e fazer arrotar.
Por exemplo?
Ficar de madrugada esperando o filho ou filha adolescente voltar da festa na casa de um amigo que você nunca ouviu falar, num sítio que você não tem a mínima idéia de onde fica.
Aí a barra é pesada, pode crer...
Maternidade é a missão de toda mulher: mentira !!!
Maternidade não é serviço militar obrigatório, caraca!
Deus nos deu um útero mas o diabo nos deu poder de escolha.
Como já disse o Vinicius: filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los,como sabê-los?
Vinicius era homem e tinha as mesmas dúvidas.
Não tê-los não é o problema, o problema é descartar essa experiência.
Como eu preferi não deixar nada pendente pra a próxima encarnação, vivi e estou vivendo tudo o que eu acho que vale a pena nesta vida mesmo, que é pequena mas tem bastante espaço.
Mas acredito piamente que uma mulher pode perfeitamente ser feliz sem filhos, assim como uma mãe padrão, dessas que têm umas seis crianças na barra da saia, pode ser feliz sem nunca ter conhecido Paris, sem nunca ter mergulhado no Caribe, sem nunca ter lido um poema de Fernando Pessoa.
É difícil, mas acontece.
Mamãe, eu quero: verdade!
Você pode não querer ser uma, mas não conheço ninguém que não queira a sua

A vida não pode ser fácil - by Danuza Leão

A vida não pode ser fácil - by Danuza Leão

Quem é difícil não suporta a companhia de gente leve, e encontra sempre um tão difícil quanto ele para conviver
Por que será que para alguns a vida é tão fácil, tão leve, e para outros tudo é problema, complicação?
Existem pessoas que estão gripadas, cheias de febre, e se levantam da cama, mesmo se sentindo péssimas, para ir ao dentista.
Qual seria o problema de desmarcar? Nenhum. Mas elas são exigentes com elas mesmas e, se deram a palavra mesmo sendo uma simples ida ao dentista, não podem falhar.
Essas pessoas, se são duras com elas mesmas, são também duras com os outros. Ai de você telefonar às 19hs para desmarcar aquele jantar combinado na véspera. Jantar que não era nada, apenas um encontro de dois bons amigos que se falam quase todo dia no telefone; por mais que tenha havido um bom motivo, um complicado acha que isso não se faz.
Ele cria expectativas - para o bem e para o mal - que não podem ser frustradas, sob pena de cair em profundo sofrimento.
Se um desses complicados programar uma viagem maravilhosa para as ilhas gregas, quando voltar ele vai falar apenas de como é difícil viajar nos dias de hoje, dos aeroportos cheios, da bagagem que demorou a chegar na esteira, e vai se esquecer de contar as coisas maravilhosas que viu, até porque talvez ele não tenha visto nada, apenas olhado, o que não tem nada a ver. Mesmo boas notícias que não estavam programadas contrariam os viciados em sofrer.
O imprevisto, mesmo - e sobretudo - em se tratando de coisas boas, transtorna certas pessoas; a vida para elas é difícil, dura. Não se pode ser feliz porque o castigo vem depois. Elas adiam qualquer prazer por nada, ou talvez para não terem prazer.
Quando veem alguém com pouco ou nenhum futuro pela frente, um empreguinho de nada, sem perspectivas, tomando uma cerveja e dando não uma, mas várias gargalhadas, elas se sentem quase ofendidas. E sempre encontram uma outra pessoa para dizer o quanto aquele cara é irresponsável, que depois não se queixe e, sobretudo, que não venha pedir nada, já que vive pensando que a vida é fácil.
O lema deles é esse: "A vida não é fácil".
A visão de uma pessoa que acha que a vida pode ser fácil e leve faz mal aos difíceis.
Só que a vida ser fácil ou difícil depende, e muito, de como se é.
Quem é difícil não suporta a companhia de gente leve, e encontra sempre um tão difícil quanto ele para conviver. E o que é uma pessoa fácil? É aquela que, se você passar na casa dela na hora do almoço e não tiver nada na geladeira, diz, alegremente, que não tem problema, que em cinco minutos resolve tudo, e pergunta o que você quer: se um pão fresquinho, com um presunto cortado na hora e um guaraná, ou se prefere uns ovos mexidos e uma cerveja.
Mas isso nunca vai acontecer: uma pessoa difícil nunca chega à casa do outro sem avisar, para que o outro nunca, jamais, faça isso com ele, que só de pensar nessa possibilidade já fica estressado; difícil lidar com pessoas difíceis. Não há quem não tenha uma amigo difícil; eu tenho alguns, e você também deve ter, claro.
E o mais inexplicável é que continuo gostando deles, me dando com eles, telefonando para eles, como provavelmente acontece com você.
Por que será?

domingo, 12 de abril de 2009

Celebrar a Páscoa - Frei Beto

Celebrar a Páscoa
Celebrar a Páscoa é reafirmar a nossa fé na ressurreição de Cristo e na própria ressurreição de todos os nossos projetos da justiça. A morte é a nossa única certeza de futuro. A postura que temos diante da morte traduz o sentido que damos à vida. Temem a morte aqueles que não conseguiram ainda imprimr à vida uma direção, uma razão de ser. Ou se apegaram demasiadamente a bens e prazeres que lhes adornam o ego.
Frei Beto

sábado, 28 de março de 2009

O Monge

Email , rcebido de uma amiga querida .
Divido com vocês...

Cris uma vez li um conto a respeito de um monge.

Ele passou ao lado do deu discípulo e outra pessoa que vinha na direção deles parou diante do monge com o dedo apontado para sua face falou todas as barbaridades , e foi embora.
O discípulo viu tudo e ficou de boca aberta e pergunto mestre porque não respondeu?
Simples se eu respondesse estaria aceitando que ele me deu e não respondendo continua tudo com ele .

Da o que meditar por bastante tempo não acham ?

Como ela não me passou a autoria eu tabém desconheço .

domingo, 8 de março de 2009

Mulheres - Luis Fernando Veríssimo / Woman - Luis Fernando Veríssimo

Mulheres
por Luis Fernando Veríssimo
"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa:elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
Pare para refletir sobre o sexto-sentido. Alguém duvida de que ele exista?
E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes,em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você? E quando ela antecipaque alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora devôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você nãol eva. O que acontece? O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro! "Leve um sapato extrana mala, querido. Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado... O sexto-sentido não faz sentido! É a comunicação direta com Deus! Assim é muito fácil...
As mulheres são mães! E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal? E não satisfeitas em gerar a vida, elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"... Tudo isso é meio mágico... Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe"nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravasam? Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...
É choro feminino. É choro de mulher...
Já viram como as mulheres conversam com os olhos? Elas conseguem pedir uma a outra para mudar de assunto com apenas um olhar. Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar. E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.Quantos tipos de olhar existem? Elas conhecem todos. Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.E-n-f-e-i-t-i-ç-a-m... E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas? Para estudar os homens, é claro! Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa área. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro". Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus. E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto Dele, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem"estar nas nuvens", quando apaixonadas. É sabido que as mulheres confundem sexo e amor. E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado. Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo. Mas elas são anjos depois do sexo-amor. É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos. E levitam. Algumas até voam
Mas os homens não sabem disso. E nem poderiam. Porque são tomados por um encantamento que os faz dormir nessa hora."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Deixa acontecer - Vinícius de Moraes

Ah, não tente explicar
Nem se desculpar
Nem tente esconder
Se vem do coração
Não tem jeito, não
Deixa acontecer
O amor é essa força incontida
Desarruma a cama e a vida
Nos fere, maltrata e seduz
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente
Nos enche de força e de luz
Vai debochar da dor
Sem nenhum pudor
Nem medo qualquer
Ah, sendo por amor
Seja como for
E o que Deus quiser

Eu Sei Que Vou Te Amar - Vinícíus de Moraes

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Aos Namorados do Brasil - Carlos Drummond de Andrade

Aos Namorados do Brasil - Carlos Drummond de Andrade
Dai-me, Senhor, assistência técnica
para eu falar aos namorados do Brasil.
Será que namorado algum escuta alguém?
Adianta falar a namorados?
E será que tenho coisas a dizer-lhes
que eles não saibam, eles que transformam
a sabedoria universal em divino esquecimento?
Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa,
quando perdem os olhos
para toda paisagem ,
perdem os ouvidosp
ara toda melodia
e só vêem, só escutam
melodia e paisagem de sua própria fabricação?
Cegos, surdos, mudos - felizes! - são os namoradosenquanto namorados.
Antes, depoissão gente como a gente, no pedestre dia-a-dia.
Mas quem foi namorado sabe que outra vez
voltará à sublime invalidez
que é signo de perfeição interior.
Namorado é o ser fora do tempo,
fora de obrigação e CPF,
ISS, IFP, PASEP,INPS.
Os códigos, desarmados, retrocedem
de sua porta, as multas envergonham-sede alvejá-lo, as guerras, os tratados
internacionais encolhem o rabo
diante dele, em volta dele. O tempo,
afiando sem pausa a sua foice,
espera que o namorado desnamore
para sempre.
Mas nascem todo dia namorados
novos, renovados, inovantes,
e ninguém ganha ou perde essa batalha.
Pois namorar é destino dos humanos,
destino que regula
nossa dor, nossa doação, nosso inferno gozoso.
E quem vive, atenção:
cumpra sua obrigação de namorar,
sob pena de viver apenas na aparência.
De ser o seu cadáver itinerante.
De não ser. De estar, e nem estar.
O problema, Senhor, é como aprender, como exercera
arte de namorar, que audiovisual nenhum ensina,
e vai além de toda universidade.
Quem aprendeu não ensina. Quem ensina não sabe.
E o namorado só aprende, sem sentir que aprendeu,
por obra e graça de sua namorada.
A mulher antes e depois da Bíblia
é pois enciclopédia natural
ciência infusa, inconciente, infensa a testes,
fulgurante no simples manifestar-se, chegado o momento.
Há que aprender com as mulheres
as finezas finíssimas do namoro.
O homem nasce ignorante, vive ignorante, às vezes morre
três vezes ignorante de seu coração
e da maneira de usá-lo.
Só a mulher (como explicar?)
entende certas coisas
que não são para entender. São para aspirar
como essência, ou nem assim. Elas aspiram
o segredo do mundo.
Há homens que se cansam depressa de namorar,
outros que são infiéis à namorada.
Pobre de quem não aprendeu direito,
ai de quem nunca estará maduro para aprender,
triste de quem não merecia, não merece namorar.
Pois namorar não é só juntar duas atrações
no velho estilo ou no moderno estilo,
com arrepios, murmúrios, silêncios,
caminhadas, jantares, gravações,
fins-de-semana, o carro à toda ou a 80,
lancha, piscina, dia-dos-namorados,
foto colorida, filme adoidado,,
rápido motel onde os espelhos
não guardam beijo e alma de ninguém.
Namorar é o sentido absoluto
que se esconde no gesto muito simples,
não intencional, nunca previsto,
e dá ao gesto a cor do amanhecer,
para ficar durando, perdurando,
som de cristal na concha
ou no infinito.
Namorar é além do beijo e da sintaxe,
não depende de estado ou condição.
Ser duplicado, ser complexo,que em si mesmo se mira e se desdobra,
o namorado, a namorada
não são aquelas mesmas criaturas
que cruzamos na rua.
São outras, são estrelas remotíssimas,
fora de qualquer sistema ou situação.
A limitação terrestre, que os persegue,
tenta cobrar (inveja)
o terrível imposto de passagem:"Depressa! Corre! Vai acabar! Vai fenecer!
Vai corromper-se tudo em flor esmigalhada
na sola dos sapatos...
"Ou senão:"
Desiste! Foge! Esquece!"
E os fracos esquecem. Os tímidos desistem.
Fogem os covardes.
Que importa?
A cada hora nascem
outros namorados para a novidade
da antiga experiência.
E inauguram cada manhã
(namoramor)
o velho, velho mundo renovado.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Guerra Perdida / The missed war - Cora Ronai

15.1.09 A guerra perdida – Cora Ronai
(O Globo, Segundo Caderno, 15.1.2009)


Há tempos não vejo guerras de opinião tão virulentas
quanto as que setem travado em torno da guerra de Gaza,
sobretudo na internet, ondecada um diz o que quer, recusa-se a ouvir o que não quer e a
subsequente gritaria abafa qualquer vestígio de raciocínio
porventura
existente. Notem que digo "raciocínio", porque me parece
impossível,
nas atuais circunstâncias, chegarmos a qualquer coisa sequer
remotamente parecida com "razão".

No momento, nada que se diga ou se mostre em favor de Israel terá
qualquer efeito. Para além da presente guerra propriamente dita,

outra que, há tempos, foi perdida pelo país — cuja capacidade de
fazer
propaganda, ao contrário do que acredita tanta gente, é inversamente
proporcional ao seu poderio militar.
Além da amizade com os Estados Unidos, vilão preferido de meio
mundo,
e do questionável rótulo de "direita" que lhe foi pespegado, há
uma
série de fatores culturais e políticos que atuam permanentemente
contra Israel. Para ficar apenas num ponto de óbvio apelo
emocional,
seus mortos e feridos nunca são filmados ou fotografados, salvo em
hospitais ou caixões e, ocasionalmente, pela imprensa estrangeira. Os
mortos tampouco são exibidos em procissões; eles tem sido,
atentado
após atentado, guerra após guerra, mortos que se contam em números
—mas o que é um número diante da foto de uma criança morta?!

Ao mesmo tempo, ao longo dos últimos anos, quando foguetes do Hamas
eram lançados sobre o sul de Israel, as crianças iam para abrigos
subterrâneos, e não para o meio da rua, providencialmente armadas com
estilingues.
Ora, a foto de uma escola (vazia) destruída por um"míssil caseiro" (seja isso lá o que for)
não tem uma fração do
impacto da foto de um garoto de estilingue diante de um cenário de
destruição.
Isso não justifica matança alguma, seja de um lado, seja de outro; mas
o fato é que criou-se, assim, a singular percepção de um povo
intrinsecamente mau e sanguinário, que ataca criancinhas por pura
maldade, contra um povo intrinsecamente bom e coitado, que só explode
civis por falta de escolha.

Por ser um país desenvolvido cercado de vizinhos em diferentes
estágios de "civilização", Israel paga, guardadas as devidas
proporções, o preço que a classe média paga, no Brasil, em
relação à
criminalidade nas comunidades carentes: para uma certa visão míope, é
sempre a culpada, porque, em tese, nessa forma enviesada de
análise,os bandidos são sempre inocentes – são apenas pobres reagindo à
desigualdade social (o que, claro está, é uma baita ofensa à
imensa
maioria dos pobres, que sofrem na miséria sem nunca pensar em
delinqüir). Enquanto isso, os verdadeiros culpados pelas
desigualdades, lá como cá, não são mencionados nem en passant —
e,
ainda que o fossem, continuariam onde sempre estiveram, ou seja,
nem
aí.

Já os líderes mundiais que não perderam tempo em se declarar
contra a
"reação desproporcional" de Israel pouco estão se lixando para o
sofrimento das vítimas. Se a sua preocupação fosse realmente humanitária,
o Sudão, por exemplo, não sairia das manchetes;
só que as
vítimas do Sudão não dão ibope. Quando a China entrou de sola no
Tibete, ainda outro dia, ouviram-se, no máximo, ligeiros resmungos
protocolares — e, ainda assim, só porque o Dalai Lama é um véinho
carismático, com bom transito em Hollywood.

Isso sem falar no antissemitismo que, invariavelmente, aproveita
para
dar as caras quando tem a ótima desculpa de uma guerra para
acobertá-lo. "Israelense" e "judeu" não são sinônimos;
há incontáveis
cidadãos
israelenses que não são judeus, como há milhões de
judeus que
não são israelenses. Ainda assim, os dois termos se equivalem
para
efeitos de noticiário, de artigos, de posts enraivecidos em
blogs.
Seria até compreensível se a mesma equivalência servisse para"palestinos" e "muçulmanos",
mas esta é sempre cuidadosamente
evitada.
Às vezes, o uso (ou a omissão) das palavras revela muito mais do que o
seu significado.


Apoiar os palestinos, o Hamas, o Hezbollah e os países árabes de
modo
geral, é chique, é bacana e é uma garantia de popularidade com a
soi
disant "esquerda". Israel não terá o apoio da intelligentsia —
que em
geral é de uma extrema covardia e ignorantsia — nem se for
completamente aniquilado, como quer o Hamas. Aí ainda vamos ouvir
o
"fizeram por onde" que tanto se disse em relação ao ataque ao
WTC; as
Nações Unidas vão fazer tsk, tsk, o Papa vai condenar vagamente o
exagero — e estaremos conversados.


Mas a verdade é que eu nem devia estar falando sobre isso. Minha
opinião é descartada de saída em qualquer discussão a respeito do
Oriente Médio: como venho de uma família dizimada pelo
Holocausto, sou
suspeita e, portanto, não posso me manifestar. Cansei de ouvir
isso
até de pessoas supostamente inteligentes — e, de cansada, não
discuto
mais. Se o que você diz não vale nada a priori, o mais sensato é
seguir os conselhos do professor Higgins, e falar apenas sobre o
tempoe a
saúde.


Como é, tem feito muito calor por aí?



(O Globo, Segundo Caderno, 15.1.2009)

Embora não seja Judia e se também fosse não me envergonharia de se-lo , transcrevo o texto por achar uma crítica muito bem feita pela autora

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Para refletir... - Charles Chaplin

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e viver com ousadia.
Pois o triunfo pertence a quem se atreve
e a vida é muito bela para ser insignificante.

Charles Chaplin

Mensagem retiradado blog :

http://bethcriacoes.blogspot.com/

sábado, 10 de janeiro de 2009

Faxina da alma - Carlos Drummond de Andrade

Faxina da alma
Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e, o mais importante, acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou comraiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia. Sentiu-se só por diversasvezes? É porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora.Pois é... agora é hora de reiniciar, de pensar na luz, deencontrar prazer nas coisas simples de novo.
Um corte de cabelo arrojado diferente, um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador, ou qualquer outra coisa. Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando... Ta se sentindo sozinho? Besteira, tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento".Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você. Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos, ficamos horríveis. O mau humor vai comendo nosso fígado, até a boca fica amarga. Recomeçar...
Hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar? Alto? Sonhe alto! Queira o melhor do melhor. Queira coisas boas para a vida. Pensando assim, trazemos prá nós aquilo que desejamos.Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos. Já se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida. E é hoje o dia da faxina mental.
Jogue fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes. Fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.
Jogue tudo fora, mas principalmente esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor.
Lembre-se, somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes, afinal de contas, nós somos o "Amor".
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.

Carlos Drummond de Andrade

Palestina ou Israel ? / Palestina or Israel ?

Palestina ou Israel?

®Lílian Maial

É um círculo vicioso, sempre a mesma ladainha, o mesmo choro contido, o ranço de outras épocas e antigas devastações.
Uns poucos e tantos insistindo na salvação da raça humana, na paz entre os povos, na saída para um mundo melhor, enquanto sabemos perfeitamente que é da natureza humana a destruição.

Desde priscas eras já conhecíamos a destruição, muitas vezes disfarçada de defesa e autopreservação.
O homem descobriu o veneno, a erva, o fogo, o ferro, o aço, a espada, a pólvora, a bomba, a indiferença.
A ciência avança, inventa a doença e a cura, aumenta a longevidade, enquanto crianças morrem de fome, apenas por ter nascido filho de pais que pensam diferente.
Onde é que já se viu? Fala-se em inserção social, em excluídos, porém dividimos o mundo em primeiro, segundo, terceiro...
Revoltamo-nos com as idéias arianas, ao mesmo tempo em que criticamos e menosprezamos as diferenças. Palestinos e Israelenses, que diferença eles têm? Será que a visão da dilaceração de um filho dói menos em algum deles?
Será que a perda de tudo o quanto cultivam nos lares tem importância menor para algum deles? E por que outros povos têm de tomar partido e municiar melhor um dos lados? O mundo inteiro carrega duas bandeiras inimigas? O que é tudo isso?

A querida amiga Rosa Pena ainda anseia pela volta dos girassóis.
O amigo poeta Nathan de Castro lamenta a morte da poesia de amanhã.
Já um outro amigo, delegado de polícia, apelidou a área de risco no entorno de sua delegacia como “Faixa de Gaza”, e é quando lembramos que temos Gaza também aqui, no Rio de Janeiro!

E eu? Eu que sempre fui tão alienadamente otimista, tão intensamente apaixonada por gente, tão solidária e defensora dos direitos e dos injustiçados, me vejo em meio a uma teia de destruição e espanto, de loucura e conformismo, de mudança que apenas maquia.

A Mãe Natureza já mostrou seu desprezo pelo homem.
O homem - que criou um deus à sua imagem e semelhança, que venera ídolos de purpurina, perdidos em seu próprio brilho, que abandona o semelhante para alcançar benesses.
O homem - que inventou o sorriso, a poesia, o amor e a eternidade, que usufruiu das endorfinas da paixão e do altruísmo, o mesmo homem que manufatura a desgraça, a dor e o desamor.

O homem deveria ser mulher. Deveria ser mãe, para saber a ausência de sentido da morte de um filho, seja por qual razão for.
O homem deveria parir seu ódio em dor, e talvez seja isso o que já vem fazendo, destilando peçonha extraída de almas poluídas de ambição, arrogância e razão. Eu sou o rei, sou o dono, sou o maior, o mais rico, o mais forte, o mais bonito, o mais-mais! E que se danem os infelizes inferiores!

Estou por aqui com a Natureza, esta, sim, menina perversa, que permite que sua criação destrua o que ela mesma cria!

Talvez seja tudo uma grande piada. O mundo é uma piada. A vida é uma piada. Se pensarmos bem, viemos todos do nada e vamos para lugar nenhum, e o que fazemos ou deixamos de fazer pouco importa a quem quer que seja.
É assim, sempre foi assim e sempre será. E enquanto aguardamos o nosso desaparecimento, temos a opção de construirmos uma vida em conjunto, ou destruirmos o que não nos interessa.
E começam as intrigas, as diferenças, as lutas, as guerras, as mortes, as lágrimas.

Como disse o Nathan: “Não sei mais o que dizer... Ninguém escuta”.

A mãe que lamenta seu filho é a mesma que apedreja os filhos da vizinha.
O filho que mata outro filho, que fará chorar outra mãe que, de ódio, incita outros filhos a vingarem o seu. Parece conhecido? E é. Isso remonta ao início dos tempos, e nunca acabará. Mata-se por ganância, por dinheiro, por inveja, por despeito, por deus. Por Deus!

“Ama o próximo como a ti mesmo”. Será isto?
Será que não nos amamos e, no fundo, somos todos suicidas sem coragem, sendo mais simples matar o outro? Já temos tão pouco tempo para a vida, e ainda precisamos abreviar? Estranho paradoxo é o homem, que busca a longevidade e, ao mesmo tempo, maneiras mais arrojadas de destruição em massa.

De poeta e louco, todos têm um pouco.
Onde foi que eu errei?

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

VAMOS COMEÇAR BEM O ANO - Marcial Salaverry


VAMOS COMEÇAR BEM O ANO
Marcial Salaverry

Para o ano bem começar,
vamos nos dedicar
a espalhar amizade,
espalhar felicidade...
É algo que nos ajuda a viver...
De um coração puro,
é fácil brotar uma amizade,
que será necessidade
para limpar um outro coração
que ainda seja impuro...
Sempre se pode tentar
a amizade espalhar,
pensando no bem estar de todos...
Se não conseguirmos,
pelo menos podemos dizer que tentamos...
Luz...Paz... Amor... Condições básicas para em harmonia viver...Para esse trinomio obter, é preciso estar em paz consigo próprio...Vamos nosso espírito trabalharpara assim vivermos, e assim podermos transmitir ajuda a quem dela necessitar...Luz... Paz... Amor... Para ai chegarmos temos que terSerenidade e paz em nosso coração...
Com esse desejo,
atingiremos nosso ensejo,
que é UM FELIZ ANO NOVO...
Marcial Salaverry

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Feliz 2009 !!!!!/ A Happy 2009 !!!!!

Esta é a minha mensagem um ano ano para todos .
Não deixem de clckar no link , Não é vírus !!!!

Feliz 2009 !!!!

Beijos.... Cris Lee : )

This is my message for everybody for a Happy New year !!!
Please ckick in the link to see the message...
That is no virus...

Happy 2009 !!!!

Thanks a lot !!!!

Hugs and kisses , Cris Lee : )



http://wirleipolicarpo.com.br/abraco

Feliz Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade.

Feliz Ano Novo
Pra Você,
desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Pra você,
desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas ...
Mas nada seria suficiente ...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes ...
e que eles possam te mover a cada minuto,
rumo a sua FELICIDADE !

Carlos Drummond de Andrade.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Papai Noel - J. B. Xavier

Papai Noel
(J. B. Xavier)
Tentarei ser teu Papai Noel,
Como és o meu...
E retribuir a dádiva de que deste exemplo,
De dar muito mais do que receber...
E agradecer por me aceitares como amigo...
E devolver, não sei se com tanta beleza,
A simples amizade, que recebo de presente:
Bela, talvez pela simplicidade...
E sólida, sim, quanto mais ausente...
És o meu Papai Noel...
Sempre que te lembras de mim,
Quando em saudade...
De ti vem a mão que gera segurança,
O gesto que traz esperança...
Tentarei ser teu Papai Noel...
Embora doando menos,
Também penso em ti.
E te observando aprendi
O valor da doação
,O calor do coração...
Te imitando compreendi
A tristeza dos abandonados,
Sonhando sonhos frágeis de papel,
Efêmeros como as luzes do Natal...
Tal como aprendi contigo,
A estes, ao menos, um ombro amigo...
E quanto aos sonhos de papel...
Quem sabe...?
Depende de nossa vontade
De sermos Papai Noel...